7 de out. de 2011

criolinismo

Sabe aquela dor que eu sentia?
Sumiu. Assim, como cisco. No momento que ele entrou por aquela porta ali.
Sabe, daquele jeito, reclamando, chato, nossa, vontade de gritar.
Mas eu fiquei, ali, fingindo bem: não era comigo.

Ele ligou uma música baixinho, ficou rindo era da minha cara.
você não sabe coisa de nada.

Agora eu te pergunto, porque é que me apaixono por esse tipo de você?
Que ri de mim e não entra nesse continho do vigário que eu vendo a bem pouco custo, quase, quase sem efeitos colaterais.

pra você, claro.
Meu benzinho.


Era fim de tarde, bola de sol brilhando bem na nossa cara.

E você olhou a janela paralisada e falou que queria comer milho com manteiga e sal, como se fosse uma dessas coisas sofisticadas e carééésimas, que você acha fino e tal.

Olhando no espelho, eu pensava era só no meu cabelo, olhava era só a minha bunda no espelho, pensando se você pensava nela. Milho, milho. Aquela matéria sobre a perseguição dos tiozinhos quem vendem comida na rua, sim, milho! Não, nunca comi, só iákissôba na Paulista. Bem pra te acompanhar, vejo hoje, vejo bem.

Desci.
fucking elevador, todo dia, o mesmo elevador que corta minha bunda pela metade, que eu nunca me vejo inteira. Aquela luz do banheiro que sempre me deixa amarela, bonita, um tanto que eu nunca me vejo.

Mas você me viu, de relance, enquanto a porta com mola fechava devagar.

Aquela dor. A nossa dor. Vamos sentir saudade de nos mesmos quando não formos o reflexo um do outro no espelho?