20 de dez. de 2011

noturnos

1. eu que me perdi pelas noites do seu querer
entregue na hora incerta
ao acaso das lembrancas, da memória do seu peito

e eu que estive sempre perto
tão certa das minhas partidas
ahh, por quantas saídas não parti de mim mesma.


abri meu peito
entregue maternalmente ao teu desejo
travestida de objeto teu: brinquedinho sorridente do absurdo

pelo espelho, sua mão projetada modela meus seios.


2. o vento plácido pela janela cobre a púbis desperta
a alma despida, a flor semi-aberta

imóvel, a abelha vermelha em meu antebraço
observo inerte, [quem sabe, afinal] ao grande segredo da vida
nada disso é real.

8 de dez. de 2011

naîve

E se eu soubesse o momento de te amar
O instante em que minha vida pudesse parar

E te dizer por onde andar
e os caminhos onde pudéssemos nos encontrar

Eu te concederia a rotina do meu seio
a verdade do meu peito
[jolie] seu par mais-que-perfeito

: Eu suspenderia minha vida
por duas mil noites a mais você me amaria

Só se eu soubesse a razão
da ironia fria da vida / do delírio da noite fina
em letras miúdas no bolso da sua camisa
[te amo todos os dias [enquanto você puder] que sua noite seja minha]