1. eu que me perdi pelas noites do seu querer
entregue na hora incerta
ao acaso das lembrancas, da memória do seu peito
e eu que estive sempre perto
tão certa das minhas partidas
ahh, por quantas saídas não parti de mim mesma.
abri meu peito
entregue maternalmente ao teu desejo
travestida de objeto teu: brinquedinho sorridente do absurdo
pelo espelho, sua mão projetada modela meus seios.
2. o vento plácido pela janela cobre a púbis desperta
a alma despida, a flor semi-aberta
imóvel, a abelha vermelha em meu antebraço
observo inerte, [quem sabe, afinal] ao grande segredo da vida
nada disso é real.
20 de dez. de 2011
8 de dez. de 2011
naîve
E se eu soubesse o momento de te amar
O instante em que minha vida pudesse parar
E te dizer por onde andar
e os caminhos onde pudéssemos nos encontrar
Eu te concederia a rotina do meu seio
a verdade do meu peito
[jolie] seu par mais-que-perfeito
: Eu suspenderia minha vida
por duas mil noites a mais você me amaria
Só se eu soubesse a razão
da ironia fria da vida / do delírio da noite fina
em letras miúdas no bolso da sua camisa
[te amo todos os dias [enquanto você puder] que sua noite seja minha]
O instante em que minha vida pudesse parar
E te dizer por onde andar
e os caminhos onde pudéssemos nos encontrar
Eu te concederia a rotina do meu seio
a verdade do meu peito
[jolie] seu par mais-que-perfeito
: Eu suspenderia minha vida
por duas mil noites a mais você me amaria
Só se eu soubesse a razão
da ironia fria da vida / do delírio da noite fina
em letras miúdas no bolso da sua camisa
[te amo todos os dias [enquanto você puder] que sua noite seja minha]
9 de nov. de 2011
cansaço
"Por onde erraria a verdadeira Cecília, que, respondendo à indagação de um curioso, admitiu ser seu principal defeito 'uma certa ausência do mundo'"?
- E escrever tornava-se menos uma tradução do mundo, que sua maneira de se relacionar com ele
- Um segundo em silêncio e podia se ver a tensão do meu gesto, teu movimento nervoso. Nossa insegurança articulada.
- Um segundo em silêncio e podia se ver a tensão do meu gesto, teu movimento nervoso. Nossa insegurança articulada.
Toda essa conversinha porque eu estava apaixonada.
e ele não me queria.
humpf.
todos os dias, a espreita de qualquer coisa que denunciasse um receio em seu olhar, um interesse em me notar. e entregas a que se submete um apaixonado tímido.
porque você só pode ser tímido. e isso alivia a angústia dos meus dias em lidar com sua rejeição, em cronometrar sutilmente todas as palavras, em criar o cenário improvável, onde sei agir perfeitamente para te conquistar.
zuuuummmmm
a delicadeza de meus medos/tão evidente minha fuga/tão assustado meu passo/
correndo escada abaixo do fantasma do amor que você encarna
vem, pequena, vem.
e eu, poeira de sonho, naufragando em teu abraço inacessível.
Empolada: conheco as linguagens que unem nossos destinos, mas não as histórias que desenham nosso caminho.
Pela próxima entrada à direita.
saio à francesa.
7 de out. de 2011
criolinismo
Sabe aquela dor que eu sentia?
Sumiu. Assim, como cisco. No momento que ele entrou por aquela porta ali.
Sabe, daquele jeito, reclamando, chato, nossa, vontade de gritar.
Mas eu fiquei, ali, fingindo bem: não era comigo.
Ele ligou uma música baixinho, ficou rindo era da minha cara.
você não sabe coisa de nada.
Agora eu te pergunto, porque é que me apaixono por esse tipo de você?
Que ri de mim e não entra nesse continho do vigário que eu vendo a bem pouco custo, quase, quase sem efeitos colaterais.
pra você, claro.
Meu benzinho.
Era fim de tarde, bola de sol brilhando bem na nossa cara.
E você olhou a janela paralisada e falou que queria comer milho com manteiga e sal, como se fosse uma dessas coisas sofisticadas e carééésimas, que você acha fino e tal.
Olhando no espelho, eu pensava era só no meu cabelo, olhava era só a minha bunda no espelho, pensando se você pensava nela. Milho, milho. Aquela matéria sobre a perseguição dos tiozinhos quem vendem comida na rua, sim, milho! Não, nunca comi, só iákissôba na Paulista. Bem pra te acompanhar, vejo hoje, vejo bem.
Desci.
fucking elevador, todo dia, o mesmo elevador que corta minha bunda pela metade, que eu nunca me vejo inteira. Aquela luz do banheiro que sempre me deixa amarela, bonita, um tanto que eu nunca me vejo.
Mas você me viu, de relance, enquanto a porta com mola fechava devagar.
Aquela dor. A nossa dor. Vamos sentir saudade de nos mesmos quando não formos o reflexo um do outro no espelho?
27 de set. de 2011
The singer's name was Alice
Acho que agora entendi
A engrenagem da vida
Os desencontros dos amores
Os desencantos das tuas dores
Tanto esforço em vão
Pra espantar a solidão
Pra inventar essa história
E só caber eu e você
Ahh, os nós que a vida não desfaz
A volta que se refaz
O torto do caminho
Os retornos e aqueles carinhos
Eu podia me apaixonar
Aí você iria me amar
Pra até, de novo,
O destino: obstinado carrapato
Pular no teu retrato
Apagar a tua imagem
Aliviar minha saudade
E , de novo,
Ser obrigada a recomeçar.
24 de set. de 2011
Mano velho
O tempo.
1 . Antes só do que…com alguem sem estar apaixonada.
2. Minha casa em três palavras: planta, cama, manta.
3. O melhor de morar só: metodo
4. O pior de morar só: contas.
5. O que não falta na minha geladeira: nunsa...falta tudo.
6. Antídotos contra a solidão : sexo descompromissado (desculpa, mae)
7. As três últimas coisas que comprei: leite, queijo, biscoito.
8. Quem eu adoraria levar para casa: Emilie Hirsch, Sean Penn, Marlon Teixeira (comedora de criancinhas)
9. Quem jamais vai sentar no meu sofá: tenho mais sofa nao.
10. O que ando lendo: Piaui, livro sobre o holocausto
11. A trilha sonora do momento: Alice in chains
12. Uma receitinha esperta: creme de abobora.
13. Mania assumida: limpeza
14. Uma frase que me move: Confio, entrego, aceito, agradeco.
1 . Antes só do que…com alguem sem estar apaixonada.
2. Minha casa em três palavras: planta, cama, manta.
3. O melhor de morar só: metodo
4. O pior de morar só: contas.
5. O que não falta na minha geladeira: nunsa...falta tudo.
6. Antídotos contra a solidão : sexo descompromissado (desculpa, mae)
7. As três últimas coisas que comprei: leite, queijo, biscoito.
8. Quem eu adoraria levar para casa: Emilie Hirsch, Sean Penn, Marlon Teixeira (comedora de criancinhas)
9. Quem jamais vai sentar no meu sofá: tenho mais sofa nao.
10. O que ando lendo: Piaui, livro sobre o holocausto
11. A trilha sonora do momento: Alice in chains
12. Uma receitinha esperta: creme de abobora.
13. Mania assumida: limpeza
14. Uma frase que me move: Confio, entrego, aceito, agradeco.
15 de ago. de 2011
Poema casual da moça oblíqua
Tentei te encontrar de incontáveis maneiras
Me perdi de inúmeras formas
Me amarrei à minha culpa / me abandonei
Achando que você é que tinha ido embora
Ninguém nunca esteve aqui
E eu rezando, bebendo, amando, jogando.
Me esquivando.
Você nunca esteve aqui.
Há tanta vida na morte.
Se eu ainda tivesse todas as respostas, você estaria aqui?
Não tenho medo dos seus erros.
Só da minha falta de coragem
De assumir minha responsabilidade com essa vida clichê e babaca da gente.
Falta aí um tanto de vontade
Ainda se eu soubesse de quais piadas devo rir.
a hora de ir.
sorrindo indefinidamente no infinitivo.
essa vida anda muito à minha revelia.
faço votos de que eu ainda vá encontrar essa saída de mim mesma.
E te encontrar na próxima esquina.
sem lágrimas.amarras.cachaças.máscaras.
eta diabo.
Me perdi de inúmeras formas
Me amarrei à minha culpa / me abandonei
Achando que você é que tinha ido embora
Ninguém nunca esteve aqui
E eu rezando, bebendo, amando, jogando.
Me esquivando.
Você nunca esteve aqui.
Há tanta vida na morte.
Se eu ainda tivesse todas as respostas, você estaria aqui?
Não tenho medo dos seus erros.
Só da minha falta de coragem
De assumir minha responsabilidade com essa vida clichê e babaca da gente.
Falta aí um tanto de vontade
Ainda se eu soubesse de quais piadas devo rir.
a hora de ir.
sorrindo indefinidamente no infinitivo.
essa vida anda muito à minha revelia.
faço votos de que eu ainda vá encontrar essa saída de mim mesma.
E te encontrar na próxima esquina.
sem lágrimas.amarras.cachaças.máscaras.
eta diabo.
10 de ago. de 2011
filha de oxum
O peito furou
a mão recuou
o salto quebrou
a voz.
o problema da solidão é que ela tem que ser encarada sozinha
eu te disse um dia
você ouviu? Você já estava aí?
eu nao te vejo mais.
enquanto passeio invisível pelas ruas
e eu, achando que vida era superação
boba eu, pobre de mim
vida é sombra
não tenho nenhuma resposta
nem passado
a epifania de um momento sem fim
a vida em suspensão
a trajetória, o caminho
exausta de tanta razão
a mão recuou
o salto quebrou
a voz.
o problema da solidão é que ela tem que ser encarada sozinha
eu te disse um dia
você ouviu? Você já estava aí?
eu nao te vejo mais.
enquanto passeio invisível pelas ruas
e eu, achando que vida era superação
boba eu, pobre de mim
vida é sombra
não tenho nenhuma resposta
nem passado
a epifania de um momento sem fim
a vida em suspensão
a trajetória, o caminho
exausta de tanta razão
8 de ago. de 2011
voluntária de mim
Ela senta
com seus olhos de profundidade
me engolindo
Ela senta
com suas mãos contorcidas
me empurrando
bolas de fogo d'água
me consumindo
Seu fantasma
em sua carne flácida
Seus finos cabelos brancos
em sua cabeça rala
Perdeu o marido para a irmã
A filha para a morte
O apartamento para as netas
Seus olhos me possuindo
Londres, Paris, Berlim
nossos destinos assim cruzados
justamente no seu fim.
com seus olhos de profundidade
me engolindo
Ela senta
com suas mãos contorcidas
me empurrando
bolas de fogo d'água
me consumindo
Seu fantasma
em sua carne flácida
Seus finos cabelos brancos
em sua cabeça rala
Perdeu o marido para a irmã
A filha para a morte
O apartamento para as netas
Seus olhos me possuindo
Londres, Paris, Berlim
nossos destinos assim cruzados
justamente no seu fim.
5 de ago. de 2011
toros
Sonhei
Você me salvava
me amava
a gente se roía
Eu te vi no meu sonho, a gente era igual
Genial
To cansada
In
Benjamin
Beijo
Em mim
Saturno, eu nunca mais vou me apaixonar
Bebi todos os vinhos da noite
Os copos dos outros
As taças, adágas
Minha filha, Ágata.
A gente se encontrava
Eu me perdia
A gente sorria
Adormece, benzinho. te nino em meu colo.
Em seu sonho: meu ombro.
19 de jul. de 2011
chantal
Olha eu te digo, eu peço pra Deus, pra Deus, sabe como que é?
Que me mande um homem desse.
Assim lindo,
devagar,
dormindo atravessado no meio das minhas pernas.
Ai, morro. Vida fácil não. Medo de tanta coisa.
Queria era só deixar.
Ai tristeza,
coisa linda é estar apaixonado.
Coisa linda é ficar pensando em você,
que eu nem sei por onde anda.
Ai, a saudade. Sabe nada do tanto que eu poderia te querer.
Ainda, se pelo menos, eu pudesse morrer de amores por você.
13 de jul. de 2011
A janela de dentro
Eliana, minha filha, sai dessa janela.
Entra pra casa, vai pegar friagem. Tá nem de meia. Coisa feia. Pula já pra cá. Quero nem saber se é tarde, se é dia.
***
Minha mãe repetia sua ladainha. Minha mãe sempre dizia: o amor é coisa tão tola. Olha lá seu pai, seu avô, sua tia, sua prima. Nessa família, ninguém merece amar. Ninguém sabe se doar.
Como um mantra inconsciente, eu repetia a oração de dor da minha mãe.
***
Quando conheci o Leandro ele era tolo, pelo menos eu achei, sabe, à primeira vista. Ele tinha uns olhos esbugalhados um tanto. A boca flácida, os dedos finos. Uma beleza escondida, sei lá.
Eu via ele todo dia.
Porteiro do prédio. Comia sempre uma quentinha. Chegava às sete, saia às três.
Tinha dois pares de calca azul, um casaco marrom, um sapato social, um tênis de ginástica.
Nunca saia da cabine para ajudar as senhoras de bochechas caídas, cigarro numa mão, coleirinha de cachorro na outra, sacola com ração e revistas de novela.
Eu bem gostava de ficar olhando elas passar, perto dos taxistas, ou na entrada da loja. Desfilando suas grandes calçolas de leite de rosas e xixi.
***
No primeiro dia o Leandro comprou um chocolate. No segundo, um biscoito de polvilho (acho que não devia ter tomado café), no terceiro, pedi para ele esperar enquanto terminava meu cigarro. Era um completo idiota.
Perguntei seu nome, o que ele fazia.
Passei a ir mais na portaria do predio. Um dia deixava uma bananinha, no outro uma barra de chocolate, no outro um chiclete bem doce. Seu paladar era pobre. Gostava do barato.
Eu usava saia, sandália, roupa colorida. Parava lá e ficava de conversa pro ar. Horas, dias, dias. Pensava bem nele, bem bobinho, enfiando as mãos dentro das minhas pernas. Aquela língua mole na minha boca afoita.
Visceral. isso permanecia dias na minha cabeça. E eu nem sabia que essa palavra existia.
***
O primeiro beijo foi escondido atrás do banheiro da piscina. Eu abracei ele, passei os dedos na nuca, respirei baixinho na sua boca. Envolvi meu corpo no dele, como cobra subindo em círculos infinitos.
Posso ainda sentir seu bafo frio de café mal passado.
***
Então ele vinha me ver. Levava a quentinha, dividia comigo o feijão, separava o ovo, a melhor parte do bife. A coca quente. A língua de sobremesa, os braços, pernas.
Idiota, nem uma mão na minha bundinha.
***
Eu digo, repito, reafirmo, não foi premeditado.
Foi depois do cinema. O ponto de ônibus logo em frente. Fomos por dentro do parque.
Eu dizia, vem vem comigo.
Eu via vultos, via o silêncio da noite. Mas só dizia vem. Como se eu conhecesse alguma porta secreta naquele lugar, que pudesse nos levar a qualquer outro lugar.
Venha, venha, seu lindinho.
Ele tirava a roupa aos poucos. Eu ainda não tinha tesão, mas sentia um vontade insuportável de arrancar a sua roupa, de lamber aquela pele branca.
Eu tirei minha blusa, meus pequenos peitos, minha barriga de fora. Pensei que podia pegar friagem. Mas só dizia, tira, tira essa roupa. Vamos quero te ver. Ele me abraçava.
Braços, pernas, bafo frio. Idiota.
Eu queria cada vez mais forte. Cada vez mais, arranca essa roupa, deixa eu ver esse pinto. Deixa, deixa. E eu quase gritava e minha voz me sufocava.
Ele me comeu.
Meu sangue esquentou. O seu olho se fechou. Eu sentada como sapo no colo dele. Eu dançava, ele gemia. Eu pulava, ele contorcia, aquela baba saindo de sua boca. Minhas mãos na sua nuca, minha língua em seu rosto. Minhas mãos no seu pescoço, minha língua em sua boca. Força, força, eu deitada em cima dele. Cobra, serpente, víbora, visceral. Cada vez mais forte, seu pinto, sua garganta, minha língua. Ele me batia, ele se debatia, ele sufocava. Força, força, eu metia a língua a fundo, os dedos roxos, a garganta endurecida. Ele vomitou na minha boca. Eu não abri meus dedos. Não abri, mantive, num ritmo crescente enquanto me movimentava. Sua pele azul, senti seu último suspiro na minha respiração, gozei por muito tempo, sozinha, com seu pinto rígido e morto dentro de mim.
To be continued
Entra pra casa, vai pegar friagem. Tá nem de meia. Coisa feia. Pula já pra cá. Quero nem saber se é tarde, se é dia.
***
Minha mãe repetia sua ladainha. Minha mãe sempre dizia: o amor é coisa tão tola. Olha lá seu pai, seu avô, sua tia, sua prima. Nessa família, ninguém merece amar. Ninguém sabe se doar.
Como um mantra inconsciente, eu repetia a oração de dor da minha mãe.
***
Quando conheci o Leandro ele era tolo, pelo menos eu achei, sabe, à primeira vista. Ele tinha uns olhos esbugalhados um tanto. A boca flácida, os dedos finos. Uma beleza escondida, sei lá.
Eu via ele todo dia.
Porteiro do prédio. Comia sempre uma quentinha. Chegava às sete, saia às três.
Tinha dois pares de calca azul, um casaco marrom, um sapato social, um tênis de ginástica.
Nunca saia da cabine para ajudar as senhoras de bochechas caídas, cigarro numa mão, coleirinha de cachorro na outra, sacola com ração e revistas de novela.
Eu bem gostava de ficar olhando elas passar, perto dos taxistas, ou na entrada da loja. Desfilando suas grandes calçolas de leite de rosas e xixi.
***
No primeiro dia o Leandro comprou um chocolate. No segundo, um biscoito de polvilho (acho que não devia ter tomado café), no terceiro, pedi para ele esperar enquanto terminava meu cigarro. Era um completo idiota.
Perguntei seu nome, o que ele fazia.
Passei a ir mais na portaria do predio. Um dia deixava uma bananinha, no outro uma barra de chocolate, no outro um chiclete bem doce. Seu paladar era pobre. Gostava do barato.
Eu usava saia, sandália, roupa colorida. Parava lá e ficava de conversa pro ar. Horas, dias, dias. Pensava bem nele, bem bobinho, enfiando as mãos dentro das minhas pernas. Aquela língua mole na minha boca afoita.
Visceral. isso permanecia dias na minha cabeça. E eu nem sabia que essa palavra existia.
***
O primeiro beijo foi escondido atrás do banheiro da piscina. Eu abracei ele, passei os dedos na nuca, respirei baixinho na sua boca. Envolvi meu corpo no dele, como cobra subindo em círculos infinitos.
Posso ainda sentir seu bafo frio de café mal passado.
***
Então ele vinha me ver. Levava a quentinha, dividia comigo o feijão, separava o ovo, a melhor parte do bife. A coca quente. A língua de sobremesa, os braços, pernas.
Idiota, nem uma mão na minha bundinha.
***
Eu digo, repito, reafirmo, não foi premeditado.
Foi depois do cinema. O ponto de ônibus logo em frente. Fomos por dentro do parque.
Eu dizia, vem vem comigo.
Eu via vultos, via o silêncio da noite. Mas só dizia vem. Como se eu conhecesse alguma porta secreta naquele lugar, que pudesse nos levar a qualquer outro lugar.
Venha, venha, seu lindinho.
Ele tirava a roupa aos poucos. Eu ainda não tinha tesão, mas sentia um vontade insuportável de arrancar a sua roupa, de lamber aquela pele branca.
Eu tirei minha blusa, meus pequenos peitos, minha barriga de fora. Pensei que podia pegar friagem. Mas só dizia, tira, tira essa roupa. Vamos quero te ver. Ele me abraçava.
Braços, pernas, bafo frio. Idiota.
Eu queria cada vez mais forte. Cada vez mais, arranca essa roupa, deixa eu ver esse pinto. Deixa, deixa. E eu quase gritava e minha voz me sufocava.
Ele me comeu.
Meu sangue esquentou. O seu olho se fechou. Eu sentada como sapo no colo dele. Eu dançava, ele gemia. Eu pulava, ele contorcia, aquela baba saindo de sua boca. Minhas mãos na sua nuca, minha língua em seu rosto. Minhas mãos no seu pescoço, minha língua em sua boca. Força, força, eu deitada em cima dele. Cobra, serpente, víbora, visceral. Cada vez mais forte, seu pinto, sua garganta, minha língua. Ele me batia, ele se debatia, ele sufocava. Força, força, eu metia a língua a fundo, os dedos roxos, a garganta endurecida. Ele vomitou na minha boca. Eu não abri meus dedos. Não abri, mantive, num ritmo crescente enquanto me movimentava. Sua pele azul, senti seu último suspiro na minha respiração, gozei por muito tempo, sozinha, com seu pinto rígido e morto dentro de mim.
To be continued
3 de jul. de 2011
30 de mai. de 2011
Os insetos comedores
A lambreta muda de cor
A dor muda de amor
A casa muda de feira.
Tem quarto e nova janela
Panela
Banguela
amarela
Não há ninguém na cancela
pra dividir a panela
pra esperar na janela
Na porta da casa
a lambreta amarela
voa, voa
Amor não muda a dor.
A dor muda de amor
A casa muda de feira.
Tem quarto e nova janela
Panela
Banguela
amarela
Não há ninguém na cancela
pra dividir a panela
pra esperar na janela
Na porta da casa
a lambreta amarela
voa, voa
Amor não muda a dor.
feirafeirafeirafeirafeira
desejo. sobrevivo
não leio, não te vejo.
eita falta de amor
cadê a dor, meu Deus?
é vazia a respiração
o suor na palma da mão
giro, giro, giro
permaneço.
tudo aí tá igual?
A vida é uma bola.
não leio, não te vejo.
eita falta de amor
cadê a dor, meu Deus?
é vazia a respiração
o suor na palma da mão
giro, giro, giro
permaneço.
tudo aí tá igual?
A vida é uma bola.
25 de mai. de 2011
mulheres e lobos
Curiosa sua letra redonda na capa do livro.
Nuvenzinha, florzinhas tímidas.
Triste gente que escreve com letra de criança, sua letra é de menina. Moça de 18 anos, que ouve disco sozinha no quarto.
Como a Lorena, bailarina na janela. Inventando cheiro de pêssego na rua.
Mas você nunca leu as meninas. Me emprestou a disciplina do amor, e marcou com xizinhos as páginas que mais gostava. De preto, azul, vermelho.
ingênua, não cometeria a indelizadeza de corações cor-de-rosa. Acho que rosa nunca foi a sua cor.
Eu gostei muito do texto do sonho também. Te disse aquele dia no quarto que você arrumou. Eu reparei. Te disse, não?
Ainde não terminei o livro, estou em novembro, quando moço da TV falada faz denúncias na TV. Você fez um xizinho ao lado. Eu também fiz. Vou escrever um A em volta do que gostar, combinado?
você faz xizinhos políticos, xizinhos sobre o amor, xizinhos sobre o fazer literário, sobre o processo de criar.
Eu fiz um A em um texto sobre a morte (você não sabe como é difícil pra mim escrever sobre isso), sobre as mentiras. Sobre as dificuldades, sobre Álvares de Azevedo.
Eu compartilho da angústia: da tua, da Lygia, da minha.
Compartilho a sua crença no amor. No interesse pelo noticiário político. Nas dificuldades sociais. Eu escrevo. Porque você parou, mãe?
Eu resgatei a menina que ficou presa no livro. E aquela menina, mãe, se parece muito com a mulher que sou hoje.
Eu te vi traduzindo Lygia Fagundes Telles em xizinhos discretos na beirada das páginas. Eu vi o livro escrevendo as verdades da minha mãe.
Eu vi minha história sendo contada.
Nuvenzinha, florzinhas tímidas.
Triste gente que escreve com letra de criança, sua letra é de menina. Moça de 18 anos, que ouve disco sozinha no quarto.
Como a Lorena, bailarina na janela. Inventando cheiro de pêssego na rua.
Mas você nunca leu as meninas. Me emprestou a disciplina do amor, e marcou com xizinhos as páginas que mais gostava. De preto, azul, vermelho.
ingênua, não cometeria a indelizadeza de corações cor-de-rosa. Acho que rosa nunca foi a sua cor.
Eu gostei muito do texto do sonho também. Te disse aquele dia no quarto que você arrumou. Eu reparei. Te disse, não?
Ainde não terminei o livro, estou em novembro, quando moço da TV falada faz denúncias na TV. Você fez um xizinho ao lado. Eu também fiz. Vou escrever um A em volta do que gostar, combinado?
você faz xizinhos políticos, xizinhos sobre o amor, xizinhos sobre o fazer literário, sobre o processo de criar.
Eu fiz um A em um texto sobre a morte (você não sabe como é difícil pra mim escrever sobre isso), sobre as mentiras. Sobre as dificuldades, sobre Álvares de Azevedo.
Eu compartilho da angústia: da tua, da Lygia, da minha.
Compartilho a sua crença no amor. No interesse pelo noticiário político. Nas dificuldades sociais. Eu escrevo. Porque você parou, mãe?
Eu resgatei a menina que ficou presa no livro. E aquela menina, mãe, se parece muito com a mulher que sou hoje.
Eu te vi traduzindo Lygia Fagundes Telles em xizinhos discretos na beirada das páginas. Eu vi o livro escrevendo as verdades da minha mãe.
Eu vi minha história sendo contada.
20 de mai. de 2011
wesak
oi mãe.
Hoje fui aceita para o voluntariado no hospital. Te disse. Dar comida pros velhinhos.
A média de idade é 70 anos. A mais nova, é uma mulher, claro, e tem 50.
A solidão. Quem garante que estamos salvas?
Pensei enquanto voltava pela calcada da Coronel Lisboa.
Lembra da Coronel Spinola? Acho que nunca vou me esquecer.
Hoje esteve frio, pouco sol, muita luz. Compreende?
Hoje o amigo de uma amigo pulou da janela. 16 andar.
Meu amigo continuou trabalhando. A tarde toda.
Quando ouvi, pensei que ele fosse chorar. Desabar a qualquer momento.
Quando dei por mim, eram meus olhos que estavam lacrimejantes.
Eu senti vontade de abraça-lo. Deveria? Um abraço e algo só oferecido? ou recebido?
Penso.
vc me acha criativa? Talvez eu seja, só preciso avisar ao mundo.
Cansei de ser correta, essa fantasia não tem me caido bem.
Vamos inventar um prêmio, mãe? Você me premia, eu premio você.
A gente pode fazer um cerimonial. Um carnaval.
Eu não quero mais ter medo, mãe.
Hoje fui aceita para o voluntariado no hospital. Te disse. Dar comida pros velhinhos.
A média de idade é 70 anos. A mais nova, é uma mulher, claro, e tem 50.
A solidão. Quem garante que estamos salvas?
Pensei enquanto voltava pela calcada da Coronel Lisboa.
Lembra da Coronel Spinola? Acho que nunca vou me esquecer.
Hoje esteve frio, pouco sol, muita luz. Compreende?
Hoje o amigo de uma amigo pulou da janela. 16 andar.
Meu amigo continuou trabalhando. A tarde toda.
Quando ouvi, pensei que ele fosse chorar. Desabar a qualquer momento.
Quando dei por mim, eram meus olhos que estavam lacrimejantes.
Eu senti vontade de abraça-lo. Deveria? Um abraço e algo só oferecido? ou recebido?
Penso.
vc me acha criativa? Talvez eu seja, só preciso avisar ao mundo.
Cansei de ser correta, essa fantasia não tem me caido bem.
Vamos inventar um prêmio, mãe? Você me premia, eu premio você.
A gente pode fazer um cerimonial. Um carnaval.
Eu não quero mais ter medo, mãe.
6 de mai. de 2011
5 de mai. de 2011
send
Ai, já vou comecar me desculpando, queria te escrever, sei, sei bem, não devia.
Queria te ver, sabe, dizer.
eu acho que nao te amo mais.
Pode rir, você sabe que eu não faria, mesmo se fosse verdade.
Tua lembrança é imagem congelada na janela do teu prédio.
Como pode, eu perguntaria, você viver com uma pessoa, achar que conhece suas verdades, seus trajetos, trejeitos e.
que importa, não é?
Você se muda.
desculpa de novo. você está louco?
Digo:
Você não vai ajudar ninguém, cada um vive o que precisa viver.
Penso roendo as unhas.
Você só vai se afundar em neuroses que não são suas, continuo, todas as coisas que você criticava.
porra.
Pensa, eu argumentaria, como estará seu cérebro no final do ano? Derretido, por mil sentidos.
***
Sua marca indelével na minha pele.
A saudade engolindo meus dias.
Só amor.
Minha cabeca dói.
meu peito afunda em si mesmo. As costas grudadas na cama. O buraco na garganta.
Minha cabeca doi.
é dolorido aceitar suas partidas.
o amargo claro assim: você só não me ama. mais.
***
Passo a mão no telefone.
- Oi, tudo bem? Você sente minha falta? Desculpe, eu ainda te amo.
O amor é frágil como uma folha de papel. Acho que não estou bem.
Queria te ver, sabe, dizer.
eu acho que nao te amo mais.
Pode rir, você sabe que eu não faria, mesmo se fosse verdade.
Tua lembrança é imagem congelada na janela do teu prédio.
Como pode, eu perguntaria, você viver com uma pessoa, achar que conhece suas verdades, seus trajetos, trejeitos e.
que importa, não é?
Você se muda.
desculpa de novo. você está louco?
Digo:
Você não vai ajudar ninguém, cada um vive o que precisa viver.
Penso roendo as unhas.
Você só vai se afundar em neuroses que não são suas, continuo, todas as coisas que você criticava.
porra.
Pensa, eu argumentaria, como estará seu cérebro no final do ano? Derretido, por mil sentidos.
***
Sua marca indelével na minha pele.
A saudade engolindo meus dias.
Só amor.
Minha cabeca dói.
meu peito afunda em si mesmo. As costas grudadas na cama. O buraco na garganta.
Minha cabeca doi.
é dolorido aceitar suas partidas.
o amargo claro assim: você só não me ama. mais.
***
Passo a mão no telefone.
- Oi, tudo bem? Você sente minha falta? Desculpe, eu ainda te amo.
O amor é frágil como uma folha de papel. Acho que não estou bem.
2 de mai. de 2011
O dia em que a terra parou (estépeum)
Eu sei, mãezinha, você pediu para eu escrever.
Mas todos os dias eu me pego prostrada no meu quarto, ou correndo ruas sem fim, nesse pequeno espaço que eu inventei ser meu mundo.
Penso agora: perdi minha fé em alguma esquina.
Você tem a solução, mamãe? A formula mágica que resolve todos os problemas que a gente inventa?
Eu sonhei com você ontem. Eu brigava com a prima. Eu furiosa, verde de despeito, seca de angústia. Chorava.
E você aparecia: vai minha filha, responde pra ela, levante-se. Eu que sempre quis você assim.
ai.
Eu fui no médico: meu colesterol está alto. Eu tenho sardinhas de sol no rosto, eu nunca vou aprender, mãe?
Eu estive atolada na lama construindo casas em uma comunidade sem saneamento básico, mas ainda fico nervosa porque a água quente de casa não funciona.
Eu não escrevo, eu não medito, eu mal saio de casa.
Tenho dor de cabeça.
E colesterol alto.
Eu não quero ser melhor que ninguém, mãe. Às vezes, eu só preciso me suportar.
Hoje faz sol. Um céu está laranja, rosa e azul. Aí também é assim?
Penso que podia ficar em casa, mas a minha casa não é minha.
Podia parar para chorar, podia ficar, podia voltar.
Minha cabeça não para de doer, meus pés não param de arder.
Insisto.
Mas todos os dias eu me pego prostrada no meu quarto, ou correndo ruas sem fim, nesse pequeno espaço que eu inventei ser meu mundo.
Penso agora: perdi minha fé em alguma esquina.
Você tem a solução, mamãe? A formula mágica que resolve todos os problemas que a gente inventa?
Eu sonhei com você ontem. Eu brigava com a prima. Eu furiosa, verde de despeito, seca de angústia. Chorava.
E você aparecia: vai minha filha, responde pra ela, levante-se. Eu que sempre quis você assim.
ai.
Eu fui no médico: meu colesterol está alto. Eu tenho sardinhas de sol no rosto, eu nunca vou aprender, mãe?
Eu estive atolada na lama construindo casas em uma comunidade sem saneamento básico, mas ainda fico nervosa porque a água quente de casa não funciona.
Eu não escrevo, eu não medito, eu mal saio de casa.
Tenho dor de cabeça.
E colesterol alto.
Eu não quero ser melhor que ninguém, mãe. Às vezes, eu só preciso me suportar.
Hoje faz sol. Um céu está laranja, rosa e azul. Aí também é assim?
Penso que podia ficar em casa, mas a minha casa não é minha.
Podia parar para chorar, podia ficar, podia voltar.
Minha cabeça não para de doer, meus pés não param de arder.
Insisto.
28 de mar. de 2011
a.m.o.r
Eu não me lembro se havia sol da ultima vez que nos vimos. Eu não me lembro da sua roupa.
Eu posso ver seu cigarro apagado no cinzeiro, eu posso sentir minhas mãos atravessadas no meu rosto. A solidão ao seu lado. O meu desespero.
Chorei no Metro Ana Rosa. Todo trem que passava, todo trem que saia.
Hoje fez sol. Meu brinco de princesa abriu, os lírios floriram, mais um brotinho nasceu na Espada de São Jorge.
Hoje eu vesti a sua camiseta. Eu acendi um incenso. Eu vim de metro.
E vi o Ana Rosa passar.
Uma estação que ficava, outra que vinha.
Eu me movia.
7 de fev. de 2011
um.
Tudo bom, mãe? Aqui tá tudo certo, graças a Deus. Fui no hospital hoje visitar o tio, ele tá magro, amarelo cor de sabão, mas os médicos tão confiantes, né? O noivo da minha amiga teve a mesma coisa e hoje tá ó. Vai casar e tudo mais.
Eu levei chocolate e um cartão. Achei que você ia gostar. Se vier me visitar a gente vai lá tomar café e comer chocolate, não no hospital, no shopping. Você sabe, programa de paulista é ir no shopping. Olha eu cheia de clichê, mãe.
Sabe eu falei com o pai hoje também. Eu fiquei chateada, né? Eu falei pra ele tudo isso que eu acho e você já sabe: a vida não é só sofrimento não. Mas papai não entende, você também não. E eu fico chateada porque eu queria era ver vocês de marajá, top top andando por aí de iate, de praia em praia. Sem stress, sem problemas mil na cabeça. Mas papai fica todo encolhido, acha que é desmerecimento meu. Você sabe, né mãe..
Eu tenho pensado, sabe mamãe, em mudar de casa, estudar na França, trabalhar com comunidades indigenas no Pará, casar e ter filhos,virar celebridade, adotar um gatinho.
(Mas calma, pode ficar tranquila, eu já pensei em tudo: depois que eu tiver minha casa, meu gatinho vai chamar Sushi e, quando você vier me visitar, eu prendo ele em jaulinhas de gatinhos, sabe? Você nem vai conhecer ele se não quiser. E quando eu for te visitar ele não vai junto, porque gatos não gostam muito de mudanças, viagens e, especialmente, cachorros.)
Aqui tá sol e muito calor, mas eu tenho um ventilador. Eu to ouvindo no rádio um cara que se chama Bevendra Banhart. Eu acendi um incenso de flor de laranjeira e fiz um chá de morango, hibiscus e gengibre. Qual será que foi o caminho que nos escolheu? A vida pode ser boa, não pode, mãe?
Eu levei chocolate e um cartão. Achei que você ia gostar. Se vier me visitar a gente vai lá tomar café e comer chocolate, não no hospital, no shopping. Você sabe, programa de paulista é ir no shopping. Olha eu cheia de clichê, mãe.
Sabe eu falei com o pai hoje também. Eu fiquei chateada, né? Eu falei pra ele tudo isso que eu acho e você já sabe: a vida não é só sofrimento não. Mas papai não entende, você também não. E eu fico chateada porque eu queria era ver vocês de marajá, top top andando por aí de iate, de praia em praia. Sem stress, sem problemas mil na cabeça. Mas papai fica todo encolhido, acha que é desmerecimento meu. Você sabe, né mãe..
Eu tenho pensado, sabe mamãe, em mudar de casa, estudar na França, trabalhar com comunidades indigenas no Pará, casar e ter filhos,virar celebridade, adotar um gatinho.
(Mas calma, pode ficar tranquila, eu já pensei em tudo: depois que eu tiver minha casa, meu gatinho vai chamar Sushi e, quando você vier me visitar, eu prendo ele em jaulinhas de gatinhos, sabe? Você nem vai conhecer ele se não quiser. E quando eu for te visitar ele não vai junto, porque gatos não gostam muito de mudanças, viagens e, especialmente, cachorros.)
Aqui tá sol e muito calor, mas eu tenho um ventilador. Eu to ouvindo no rádio um cara que se chama Bevendra Banhart. Eu acendi um incenso de flor de laranjeira e fiz um chá de morango, hibiscus e gengibre. Qual será que foi o caminho que nos escolheu? A vida pode ser boa, não pode, mãe?
20 de jan. de 2011
para roberta
Talvez o melhor seja mesmo o desapego: nas crenças, nos medos, nas certezas. Nos babaquismos. A gente inventando arame farpado.
O que salva é sempre o imprevisto. Decreto hoje o fim da masturbação mental.
Tai um cego a te ensinar a enxergar as coisas de um jeito diferente, talvez não. Que os olhos não sejam azuis, mas que ainda sim haja blues.
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