2 de mai. de 2011

O dia em que a terra parou (estépeum)

Eu sei, mãezinha, você pediu para eu escrever.

Mas todos os dias eu me pego prostrada no meu quarto, ou correndo ruas sem fim, nesse pequeno espaço que eu inventei ser meu mundo.
Penso agora:  perdi minha fé em alguma esquina.

Você tem a solução, mamãe? A formula mágica que resolve todos os problemas que a gente inventa?

Eu sonhei com você ontem. Eu brigava com a prima. Eu furiosa, verde de despeito, seca de angústia. Chorava.
E você aparecia: vai minha filha, responde pra ela, levante-se. Eu que sempre quis você assim.
ai.

Eu fui no médico:  meu colesterol está alto. Eu tenho sardinhas de sol no rosto, eu nunca vou aprender, mãe?

Eu estive atolada na lama construindo casas em uma comunidade sem saneamento básico, mas ainda fico nervosa porque a água quente de casa não funciona.
Eu não escrevo, eu não medito, eu mal saio de casa.

Tenho dor de cabeça.
E colesterol alto.

Eu não quero ser melhor que ninguém, mãe. Às vezes, eu só preciso me suportar.

Hoje faz sol. Um céu está laranja, rosa e azul. Aí também é assim?

Penso que podia ficar em casa, mas a minha casa não é minha.
Podia parar para chorar, podia ficar, podia voltar.

Minha cabeça não para de doer, meus pés não param de arder.
Insisto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigada por insistir.
Um dia vc encontrara sua casa,e eu,como no sonho
finalmente aprenderia me defender.
Te amo