10 de fev. de 2010

Presente

Eram olhos brilhantes de morcego, de quem gosta mais da noite do que o dia.
Lábios semi-cerrados que nunca se fechavam e muito silêncio em suas pausas.

Sobrevivia com os dedos lânguidos e uma respiração sempre suspensa em busca do inefável.

Dizia meias verdades em noites claras e ameaçava a utopia do mundo com seus cabelos quase antigos.

Nos acordes de seu violão cantava os amores de todos os dias.

Não tinha suspiros, tampouco calafrios. desejos
Epifanias inconscientes.

Sabia os momentos em que deveria parar, sabia os momentos em que deveria partir.

Tinha um universo inteiro a desvendar e pouca pressa no passo.
Não gostava dos mistérios que envolviam suas noites, da objetividade que pautava suas manhãs.

Suas pequenas movimentações, a delicadeza de seu toque
O vigor de sua entrega, a paixão em sua respiração, o desejo em sua saliva.

As palavras escorriam pelo vento musicalizadas, repletas de amores não escritos.
O ritmo de suas descobertas cabia em seu peito.
A profundidade de sua rotina. Os sorrisos de tantas saudades.

E como era lindo ao acordar.
Amor.

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