o sol brilha la fora, como uma maquina eletrica
eu me deito. sinto as costas que ardem, de repente, eu so sinto muito sono
tinha medo de escrever e que tudo que escrevesse se tornasse realidade
e eu tinha medo do moço porque ele era sincero demais e eles tinha as unhas limpas
e eu nao confio em homens com unhas bem feitas.
eu nao conseguia mais respirar, mas eu nao tinha mais medo de escrever sobre isso
eu nao sabia mais pensar.
e nem gostava mais do tarantino e achava que pra escrever poesia eu precisava de rimas
mas eu posso escrever como quiser, porque nem sou escritora e nem tenho contrato e nem tenho um editor que me diz que poesia nao vende, com excecao da angelica la e dos seus gatos
entao eu saio de casa com as unhas mal feitas porque nao sei colar as unhas falsas direito, e elas ficam gordas e todo mundo repara.
o cobrador do onibus, a moça do caixa do supermercado. ate o cachorro na coleira, antes de ter o pescoço engolido por uma gaivota do mal que passava.
eu jogo agua fria na dona do cachorro com a coleira na mao, ela estava mais roxa que seu chiuauwa com o pescoço pendurado na coleira.
a gaivota do mal, talvez fosse um gaviao, sobe ate a janela do segundo andar do predio mais proximo.
a moca que mora no segundo andar, de iPhone na mao. nao. nao era isso. ela tinha trocado, ela nao tem mais um iPhone, ela tem um sony. ela mudou tambem o corte de cabelo e o oculos de sol, ja que nao podia mudar o marido. ela tem um ray ban agora. e ela nao gosta de sapatos apertados, mas ela usa porque isso faz ela classy.
a moça do segundo andar, essa mesma, posta no seu sony a photo do urubu com a cabeça do cachorro pendurado no bico. disse que ele ia pro sul, em direcao ao lixao da cidade, onde meninos de rua catavam lixo da rua e separavam para proxima exposicao de arte do vik muniz.
eu bem vi, depois de alguns anos, no sesc, uma escultura de autor desconhecido: menina de unhas gordas com cachorro decapitado. dizem que nao estava assinado e a toda a cena dava um ar meio barroco.
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