7 de jan. de 2009

Não leia, já sabe, né?

O coração parece tentar sair espremendo-se pelas minhas artérias. Fugir, parar de bater, sossego, um descanso, uma pausa.

Olho através da janela o dia ainda claro, a palmeira, ou coqueiro, movimentada pelo vento. Esse ar todo de verão me enjoa, pessoas desfilando suas novas ou velhas roupas. Seus sorrisos e patéticos óculos de sol e que mais? Pastas, muitas pastas.
Estranho, um coração que bate na garganta. Qual será o meu problema? Ensaiei coisas que eu deveria dizer, decorei todas as coisas das quais deveria te acusar, me martirizei com minha culpa e desculpas.

Sonhei que sim, você ainda pensava em mim. Esperei sim, que você notasse o quanto tudo estava.....esteve o tempo todo diante dos seus olhos, dos meus. Como pudemos?
Como tudo isso aconteceu? Me pergunto, de qualquer maneira, como chegamos até aqui mesmo? Fugíamos juntos?Ou corríamos de tudo, incluindo um do outro?

Definitivamente você é sagitário com ascendente em capricórnio. Mas decidi, sim, decidi. Em 2009 não acredito mais em horóscopos e começarei a usar presilhas no cabelos, tiaras de princesa e flores de todos os tipos.
Ahhh, vou sim assistir ao Luiz Melodia, e vou também ver até aquele filme do cachorro, pra chorar por algo que valha a pena. Vou a yoga aos sábados, vou nadar na USP.
Olha só, compro várias revistas, livros, encho o mp3 de novas músicas, bebo com as amigas às quintas, volto a ir ao Lapeju, aceito todos os convites que fizerem, até aqueles para videokês na Rua da Gloria.

Belo nome esse, Rua da Gloria, essa rua merece receber um assassinato passional qualquer hora. Chiquérrimo, não?

Organizo armários, livros, limpo janelas, banheiros, volto a comprar a Bravo, me inteirar sobre política externa, preço do petróleo e terceiro setor.
Durmo cedo, procuro na agenda telefones de caras do passado, revejo fotos e passo horas no supermercado escolhendo um novo amaciante de roupas.
Lavo meu carro, fumo, fumo muito.

Mas não abro a janela que costumava abrir, nem bato a cinza no trilho, muito menos acendo meus cigarros com os fósforos da parede. Você se lembra?
Ainda se recorda? De noites e dias, muitas madrugadas, discussões intermináveis pelo telefone, todo meu mau humor, minhas crises, minha paciência, minhas confissões. Você conseguia perceber quando eu te contava segredos?
Eu queria o tempo topo ouvir você repetindo aquele r seu, aquele que não é retroflexo. Como é mesmo?

Sinto novamente uma dor na garganta, esse gosto do estrago, uma certa fraqueza nos braços, o estômago desfragmentado. Revejo os dias e conto tudo novamente. Quantos dias mesmo?
Já é noite e a rua já está suficientemente escura para que eu possa sair sem ser notada. Até por mim mesma.

Um comentário:

Larissa Saram disse...

Ha tempos que eu não conseguia entender seus textos assim, por inteiro.
Você está mais limp,a mais cla,a mais transparente e menos complexa.
Mas talvez esteja um pouco menos feliz.
bjsvoutemandarumemail