7 de jan. de 2009

Mais do mesmo. Mesmo, viu?

Ela tentava esconder de si mesma, mais uma vez encontrava-se fugindo.

Pulsos cerrados, respiração ofegante, olhos apertados. Primeira providência a se tomar, ela já conhecia de cor, acender um cigarro. Sim, vamos todos fumar. Você fuma, eu fumo por que vc fuma e aí quando não está comigo você não fuma e eu acho que a culpa dos seus vícios sou eu.

Meu raciocínio é sempre genial assim, melhor, bem melhor que o seu e a lógica formal que você detesta. E eu detesto tudo em você.

Eu sou uma puta, daquelas bem fáceis, que se vendem por qualquer promessa vazia, qualquer barba mal feita de toque macio. Qualquer segredo ao pé do ouvido, qualquer coisa que você fizesse...

Parei, hein?

Foda-se você, tenho até ânsia de vômito e dor de estômago, tá bem, não vou exagerar....talvez fosse só sexo, quem garante?

Talvez fosse sei lá, qualquer merda, umas dessas coisas que acontecem, destino, astrologia, intuição, Deus, vou colocar até o Diabo nessa lista pra ficar bem cafona.

Mas, veja bem, não sou assim como você, ou uma outra psicótica qualquer. Olha só, tá vendo, deveria estudar um pouco mais de psicanálise. Ela não gosta tanto de você assim, ela só te usa como fuga existencial pra correr das próprias neuroses, por que ninguém ama tanto assim outra pessoa a ponto de esquecer de si mesmo.

Foda-se o que você acha. Foda-se você e todas as suas mentiras e fugas.

Perco o fôlego, aquele gosto amargo do seu silêncio, a garganta seca e um certo pavor reprimido que cresce a medida que você se tranquiliza por não me ter mais por perto. Um fogo me acende por dentro e por alguns instantes minhas veias parecem pulsar ao ritmo inexorável com que você se afasta. Você e suas lembranças, eu e minha culpa.

O gosto amargo na garganta – o estrago - me lembra uma música qualquer, uma tarde de domingo procurando no céu por uma estrela perdida, já deveria saber que isto era um indício.

Queria sentar e te relembrar de todos os bons momentos, cuspir na sua cara tudo que fiz, gritar bem alto que eu sempre tive razão, provar para você que você sempre fez tudo errado. Que eu, e meus valores, crenças, minha falta de moral e de ética, minhas verdades. Eu.

O cigarro acesso...observo inertemente a fumaça que sai pelas pontas dos meus dedos, procuro alguns círculos, como aqueles, sabe?

Mas a fumaça que sai dos meus cigarros não repete seus movimentos, e quanto mais te procuro, mas você se dispersa como a merda da fumaça da merda de um cigarro que me lembra você.

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