11 de dez. de 2009

Aula de javanês

Tinha na ponta da língua mais palavras que cabiam na língua portuguesa.
Segurava dentro do peito mais amor do lhe era permitido amar.
Guardava dentro do corpo, mais desejo do que conseguiria desfrutar.

A tarde corria mansa, silenciosa como deveriam ser todas as tardes, vazia como deviam ser todos os dias.
Uma chuva que não incomodava, um ruído constante que não dizia nada, um almoço com gosto de comida. Daquelas que só nos mantém em pé.

As perspectivas não eram sólidas, mas, e daí?
Até Cartola cantando parecia feliz demais.

Os cabelos em chamas, a cama fria, as paredes invisíveis.

Gostava até de ouvir os bêbados conversando na rua. encher o quarto de luzes não-estáticas.
Páginas em branco, paredes amarelas, unhas sem esmalte, céus cinzentos.

Prelúdio de verão.

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