22 de jan. de 2009

Obama

Sim, eu também vou escrever sobre o Obama, pensou enquanto ruía as unhas em frente ao espelho.
Porra, momento histórico do caralho. Um negro, pra ser melhor só se fosse um negro muçulmano. Caralho, caralho.

Sentada no bar não lembrou de falar sobre isso, mas nossa, o que foi aquele vestido verde abacate da primeira-dama?Ai vida miserável, essas americanas novas ricas, nenhuma tinha a classe e requinte de uma Carla Bruni. Ahhh, sim Jack Kennedy (bocejo).

Bem, mas Obama estava ali, a página em branco, sentiu-se parte da história viva, preciso escrever, deixar registrado que era sim politizada, e não pensava só em Big Brother, indicados ao Oscar, corridas, sexo, pequenezas do trabalho e picuinhas como unhas roídas.
Tentou simular uma epifania, uma mudança no curso do texto, pra poder fugir com alguma sutileza do assunto.
Não, não.

O-BA-MA.

Mas quer saber, achou uma bosta aquela festinha da MTV, flashes de celular, uma valsa não ensaiada, trilha sonora fraca. Depois de tantos anos assistindo produções róliudianas astronômicas, aquilo parecia um filminho de Bollywood.

Plim.

Será que isso foi um sinal, uma dessas mensagens subliminares que a MTV transmite em suas vinhetas?
Pensa só, um negro no poder. Um negro revolucionário. Muçulmano, democrata. Começo de uma nova era para o planeta. Fim de antigas convenções, novas perspectivas, uma nova maneira de olhar o mundo.
Depois de tantos anos enxergando os Estados Unidos pela ótica da indústria parcial-hipócrita-maniqueísta dos roteiristas de Los Angeles, será que a posse de Obama não foi representada propositamente para indicar o fim da hegemonia americana da maneira que conhecemos até hoje?
Um produção simplezinha: Ei, muleque, se toca, tudo aqui é real. Você tem que se emocionar sem trilha sonora, sem um grande roteiro fake. Ele é o cara e chegou pra ficar.

OBAMA é presidente.E antes de ser americano, é negro e muçulmano. Poderemos dormir, conversar com amigos nos bares, ir de ônibus ao trabalho e até entrar na fila pelo novo iPhone (Steve Jobs lives!), viver nossas vidas tranquilamente sem achar que Bush invadiria a Venezuela continuaria no Iraque ou montaria bêbado em seu cavalo atrás de índios paquistaneses, ops, camponeses, ops.

(sic, sic, não pude evitar)

Sim, ele podia estar atrás de você nesse momento! (Tinha que colocar aqui aquela fotinho do Tio Sam, né?)

Barack é antes de tudo um cidadão do mundo.
Vamos comemorar sua vitória assistindo a filmes iranianos. Vamos tomar um pisco e comer um lanche ali no Habib's. Tomar nossas brahmas pensando o quanto acreditamos em Deus e não desistimos nunca. Encheremos nosso peito de orgulho, aiaiaiai. Sim, sim.

Até a próxima guerra, até a próxima bomba, até o próximo conflito. Até a próxima ameaça mundial.
Por que você sabe, né?
Ele é cidadão do mundo, mas antes de tudo humano, demasiado humano.
E nunca confie num humano tanto assim, já dizia Will Smith.

OBSERVAÇÃO: Medo, mas medo mesmo na vida agora só do Tom Cruise cientólogo. Tipos, ele come placenta. se fecha.

4 comentários:

Meggy disse...

rs rs!
Foda! Muito bom!
Michelle Obama não é chique né? Fala sério!
Carla Bruni quem o diga. Linda!
beijos Linão
Saudade!

Thiago Foresti disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Eu chorei nessa posse ai. Acho que pq eu fumei um; fico emotivo quando estou chapado...

Belo texto Medza .

beijo!

Larissa Saram disse...

Eu nem vi a posse. Achei o conjunto amarelo brega. O vestido branco, de bom gosto. Mas branco?

A valsa foi bonita, mas nada a ver a Beyonça (cara, eu adoro a Beyonça)ali, naquele momento.