14 de nov. de 2008

Sentada, parada, não movo as pernas nem o tronco. Esfrego as mãos debaixo da mesa e enxugo o suor na calça,
Olha fixo nele, nela, no outro. Balanço a cabeça afirmativamente algumas vezes, mas não absorvo o que me diz.
O peito agitado, o sangue em ebulição, fervendo. Vontado de chorar.
Vontade de dormir, levantar e ir embora. Apagar as luzes, fechar as portas.
Vomitar. Escrever. Fugir. Correr.
Deliro febrilmente.
Mas entro pela porta de casa e te vejo.
Tomo um banho me segurando no boxe.
Durmo com o caderno aberto no peito e uma caneta debaixo do travesseiro.
Por um momento me odeio.
Te odeio.
Olho o celular ligado.Olho a janela, o espelho, não quero dormir, não quero você.
Queria só silêncio, mas minha surdez me apavora. Minha voz não me alcança, seus olhos não se escontram, e só sinto meu próprio cheiro por toda parte.
Prendo a respiração.
Não te quero mais. Faço uma lista mental dividindo culpas, medos, fracassos e erros.
De que tudo isso adianta?Preciso parar de escrever.

6 comentários:

Anônimo disse...

Tirando o fato de eu precisar de tradução para o seu texto, pois me sinto um anacéfalo ao ler seu texto tamanha a sua capacidade e talento e minha completa falta de síntese, só gostaria de saber se está tudo bem com vc.
Preocupação de tio, você precisa se cuidar...
Não ria da minha cara agora, não me chame de piegas embora eu seja, não me faça pensar ainda mais nos problemas que me afligem e me dão a cada dia mais vontade de fugir pra não sei onde e fazer não sei oque, não me culpe por não acompanhar seu raciocínio, não me julgue por odiar meu trabalho, por correr atrás de um sonho perdido, por me precipitar, por errar, por acertar, por me arrepender, por odiar, por amar, por querer, por não querer, por não saber mais quem sou, por ter perdido a alegria, o sorriso fácil, o humor, por ser chato, velho e não querer muitas coisas que antes eu queria, por amar futebol, por odiar politica, por não entender de Freud, por estar de saco cheio, de ter uma vida medíocre, por crêr em DEUS, mesmo sabendo que religião é uma coisa que tentam enfiar na sua cabeça, com doutrinas que te aprisionam em um mundo pararelo e surreal, por ser ingrato, por querer fugir das pessoas, por querer estar com as pessoas, por querer tomar um porre HOJE, daqueles em que o vômito se confunde com as lágrimas, por amar meus pais e não concordar com eles em absolutamente nada, por odiar o modo que eles vivem e pensam, por me achar superior a meus irmãos, por me achar extremamente inferior a eles, por querer voltar no tempo, por querer que o tempo voasse, por me anular todos os dias, por amar mais ao meu cachorro do que alguém muito próximo de mim, por querer expulsar meu cachorro de casa e nunca mais vê-lo, por querer dizer palavrão, por ter estudado Direito, por não saber dizer não e só me ferrar por isso, por dizer não, por dizer sim , por n~so dizer sim, por achar você uma chata, por te achar brilhante, por achar o lugar que eu vivo um lixo e não poder mais sair daqui, por não ter ficado para sempre em Londres, lavando pratos e implorando pelo dinheiro paterno, por ter deixado a Paulicéia, por me achar inteligente pelo fato de ler, por me achar um ignorante, por odiar quando as crianças ficam olhando meu jeito de andar e que isso foi um impecilho em minha vida no âmbito profissional e principalmente afetivo, por não dar tanto valor em minha avó, por não conseguir conversar, escrever e ler ao mesmo tempo, por não ter mais amigos, por me sentir em uma redoma e simplesmente esperar o tempo passar, as feridas se fecharem e o fim chegar

Anônimo disse...

Mesmo assim, life goes on...

Anônimo disse...

ao ler, apague. TUDO!!

Larissa Saram disse...

Te mato se vc parar de escrever!

Verena Ferreira disse...

Não pára não.

Meggy disse...

Chefeeeee
Vai parar mesmo
Linão não para não!!
beijo sua Kbsuda.