26 de mar. de 2009

Ritual de adoração ao sol

Aí, ele parou por alguns instantes.
E com aqueles olhos cravejados de histórias sem nenhum silêncio, subtraiu-lhe as cordas vocais.
Sugou suas inverdades obstinadas, suas mentiras absolutas, suas exceções imutáveis e o gosto doce de todos os seus fracassos.

Ela sucumbiu. Com um certo desprazer que a felicidade lhe causava, pois o conforto e o afeto geravam essa estranha sensação de impotência. E se a gente nascesse mesmo para ser feliz? Qual a beleza nisso, Meu Deus?

Ele cortou-lhe os pulsos e riu quando ela disse que tinha medo que o sangue fugisse. Ele não foge, disse com complacência. "Está necrosado. Você precisa abrir todas essas suas veias estreitas, deixar entrar um pouco de ar e então,"

Ele não sabia a resposta. Mas quem disse que ele deveria saber?
E essa estranha mania de controlar tudo? E essa obsessão em conhecer todas as nuances e matizes de olhares cruzados?

Era, finalmente, a sua hora de parar.

Um comentário:

*Livia* disse...

Nossa...tinha esquecido como é bom ler isso aqui...imperdoável!!
E me deu mais saudade ainda de vc!

Bjo