26 de mai. de 2009

Mono no aware

Respiro profundamente e aperto com força as mãos sobre as coxas. Deslizo lentamente pela parede e sinto o chão gelado sob meus pés. Você me olha de longe. Você é forte e quente.

Tento ajeitar os cabelos e me recompor. Mas tudo parece sem sentindo agora, você me fala sobre todas essas coisas que não me interessam e eu finjo descaso.
Em vão, tento alcançar o isqueiro perto dos meus pés. Mas não há nada no caminho que me impeça, então desisto.

Enxugo com as costas das mãos o que resta do batom carmim que passei para te impressionar.

Você tenta me impedir.Suas verdades.

Pare de me olhar com olhos de espadas. Mas voce não entende o que eu digo. Por favor, grite comigo. Não é possivel. Pare de me ouvir e solte as minhas mãos.
Não, a culpa é sua. Porque eu....veja bem, eu....você não quer ouvir como sou....Você não pode.

Mas você permanece. E seus olhos quase não se abrem. E voce quase me sufoca enquanto eu me agarro ao seu pescoço.

(Perda)

Eu me encosto em seu ombro. E meu mundo parece bem menor agora. E minhas lágrimas secas escorrem ao ritmo da sua respiração.

Não há sangue, não há cercas-limite-arame-farpado. Não há reconstrução. Nada às avessas. Só minha velha fantasia sobre seus braços quentes.

Um comentário:

Amanda Proetti disse...

Denso. Tudo. Denso.