18 de mai. de 2009

Morfina

Se eu disser que eu tenho medo você acredita?
Se eu disse que sinto novamente aquele frio entre as veias e cercas arames-farpado por todo lado você fica me socorre?
Se eu disser que minhas mãos estão trêmulas e eu preciso vomitar tudo você segura meus cabelos?
Se eu disser que me perdi novamente em meio a torpes linhas imaginárias você me resgata?

Porque eu não consigo.

Acho que fiz tudo errado novamente, e o estrago, aquele doce e indissolúvel, me sufoca a garganta. E não consigo pensar em olhos oblíquos porque minha visão está turva.
E porque não sei lidar com a sua dor, porque nunca consegui superar as minhas próprias fraquezas.

E eu, que deveria estar ao seu lado preciso é da sua mão sobre meu peito o tempo todo. Porque busco em você algo que nunca consegui encontrar em mim e quanto mais te procuro, Eu não quero nada.

Preciso me salvar de mim mesma e procuro no silêncio amargo de tudo isso que me cerca respostas inventadas. Porque eu tenho muito medo. Só por hoje um grande pavor me dilacera a carne.

Hoje quem precisa da sua mão, seu hálito quente, sua voz abafada, todas as cores do seu olho, pele, unha, doce e todas as suas palavras gordas e frescas como algo novo, sou eu.

Me deixa chutar a merda da porta do seu mundo imaginário, arrancar essas amarras reais. Porque hoje eu quero sentir novamente o gosto da sarjeta, as vozes da multidão, o calor.

Vou tacar fogo em tudo. Casa, emprego, convenções, verdades. Minha vida será uma grande mentira. E ninguém mais poderá me acusar de não ser feliz.

Um pavor histérico me cerra os lábios. Não posso mais continuar.

.....

Abro os olhos e vejo você ao meu lado. Pernas estiradas. Te encho de beijos que você não nota, afundo a cabeça em seus braços, me agarro ao seu peito e consigo adormecer antes de me lembrar o que havia me feito acordar anyway.

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