22 de out. de 2008

Coisificação

São duas coisas distintas. Uma boa e outra ruim.
Uma ofusca a outra, outra espreme a uma.
Em um movimento desconexo e alucinado.

Uma: Gosto, mas te odeio.

Quer dizer, acho que te suporto na maior parte do tempo. Só suporto com muito esforço, mas sorrio. Sorrio bastante. (ps: Obrigada, mamãe)
Mas são tão frios e vazios esses meus dentinhos-amarelos-comprimidos em um pequeno espaço de boca. Convenço-me de que a pessoa está percebendo. Não é possível, ela está notando a falsidade do meu sorriso. Mas se ela estivesse realmente percebendo toda falta de consideração que sai cortante pelos meus olhos e que atinge seu clímax em um esboço de civilidade, provavelmente me chutaria, cuspiria na minha cara, diria coisas do tipo: quem vc pensa que é?
Mas não, a pessoa sorri de volta. Gentil, olhos obliquos (não, não consigo ser original), maõzinhas civilizadas.
E eu, sempre pensando em mim, não consigo desvendar seu olhar e toda incredulidade por trás dele.

Outra: Te descubro. Mas tenho medo.

Quero saber, encontrar, desvendar. Aspirações, crenças, silêncios, segredos e algumas risadas à meia-noite.
Desejo.
Aí, como um grande balde de água fria, água cristalina. Você. Que nem é um você ainda. É no máximo o. Assim: o, artigo. Ou melhor, tipo um haver desgramaticalizado.

E me perco. E aí vem outro, um, o.
Haverá ainda uma Vossa Excelência? Não será mais água, será lençol freático, frenético, na minha pele, olhos, boca, sorrisos, dente, pezinhos balançando na beira da cama, histórias ao pé-do-ouvido.

E, no meu mundo, tudo terá o mesmo gosto doce.

2 comentários:

Larissa Saram disse...

Nem tenho o que comentar.
Eu AMO seus textos.
Vamos juntar tudo e publicar um livro?rs
bjs

Thiago Foresti disse...

não para de escrever, não...