21 de set. de 2008

Captação da benevolência

Às vezes me suupreendo com a minha ingenuidade, romantismo, lirismo. Justo eu que gosto tanto do meu ceticismo.
(Bela maneira de começar o texto, cheio de rimas pobres e vazias)
(Belo parênteses)
sic
Vamos de novo.
Na verdade, descobri qual é o meu problema. Mas não vou falar. Deixa eu amadurecer essa idéia estúpida.

A grande questão é que sou muito intolerante e rigorosa comigo mesma e julgo todos os meus atos, pensamentos, o jeito de mexer no cabelo. E fico buscando nos meus silêncios indícios da minha vaidade e egocentrismo.
É, ultimamente tenho pensado muito nisso. Medo de ser uma dessas pessoas obstinadas, cheia de teorias, que balança a cabeça concordando com o interlocutor e mal consegue se aguentar sentada esperando a mudança do turno conversacional.
Pavor. de ser muito articulada, à margem de um discurso retórico, na maioria das vezes sofista.

Tenho uma coisa meio teatral e afetada. Tenho uma percepção muito clara dos meus atos falhos e vontades inconscientes, todavia nenhum controle.
Estou cansada de tanta análise, tanta metafísica, tanto controle, tantas amarras emocionais e limites-arame-farpado.
Mas fico sempre, impondo, proibindo, julgando, mandando, demandando, justificando.
Preciso de mais vazio, mais silêncio, mais circo, mais sorvete de côco. Mais parques aos domingos, mais sambas, mais cerveja, mais sexo, mais comédias românticas.
Inventar histórias, deixar fluir a imaginação, me libertar de mim mesma.

Sou escrava da minha disciplina. Uma putinha que abre as pernas todos os dias para o Inconsciente. Deixo ele me chupar, possuir, dominar. Me come sem pudor, sem receio.
Dorme com a certeza que eu sou sua e não consegue ver, quando deita para o lado, meus olhos de lamparina, o vômito e sangue. O líquido amarelo-viscoso que escorre pelo lençol.
Limpo tudo antes de amanhecer e no silêncio da noite, fico me caçando, chicoteando e martirizando, em um ritual de auto-suplício. (Isso existe?talvez flagelação, mas ficaria tão óbvio. E você sabe, preciso fugir dos lugares-comuns)
Tomo um banho, muito rímel, batom rosa claro e uma blusa em tons-primavera. Música feliz e permaneço por uns 20 minutos sedada. Até a proxima crise.
Tento fugir.
Mas o arame farpado me arranha a pele. E eu, que tenho tanto medo de me machucar, deslizo até o chão e sucumbo. Como uma velha puta que ainda se vende por uns trocados, sem a menor violência.
Preciso atravessar essa cerca, rasgar toda a minha pele até os ossos, deixar passar só o esqueleto.
Recolher o resto de mim mesma que ficou pelo chão e colar toda a pele fragmentada com saliva. Frankenstein de mim mesma. Quero ser monstro.Cansei de ser médico.

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