10 de set. de 2008

Nelson Rodrigues

Hoje preciso de foco. Porque são tantas idéias pulando, saltando, acima de tudo, fugindo. Tento espremer como uma laranja. Tirar o líquido, separar sementes. De vez em quando como algumas, "faz bem pra vista". (Não, são as formigas...) Mas não adianta.Catar feijão. Amasso meus miolos, reviro pupilas, enxugo os olhos em vão. Nada. Ouviu bem? Nada. Nada de lágrimas, nem umazinha bem pequenina e fria, dessas gostosas de sentir no silêncio ensurdecedor de uma noite quente. Não é o nada. Não é o vazio. Floral, maldito floral. É a porra da yoga, a meditação ou esses livrinhos felizes que não leio. Muito ceticismo, definitivamente. Não, isso não me cheira bem. Não tem cor, não tem forma. Não é opaco. É o imperceptível passar dos dias. A única verdade. Tudo passa, repassa, trespassa à minha volta em círculos (virtuosos, ouvi hoje. Mas não sei bem se gostei. Deixa aí.) e eu sentindo vertigens ao olhar as pedrinhas portuguesas das calçadas. Essas coisinhas que se mexem e parecem flutuar. Vivo procurando nas falhas dos meus sentidos, a razão do meu não-ser. Talvez a única explicação plausível para tudo isso.

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